sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ministrymon una (Hewitson, 1873), foto por: R. Penalva

Ministrymon una, R. Penalva, Encontro das Águas, Lauro de Freitas, BA.
Clique na foto para vê-la ampliada!

O autor, a espécie e a foto

Em foto de Ruy Penalva (61 anos, médico/empresário), feita em 26-X-2003, temos aqui nossa quadragésima segunda participação do público! Trata-se de um bom flagrante de Ministrymon una (Hewitson, 1873), lepidóptero da família Nymphalidae, subfamília Heliconiinae, tirada através de uma Canon EOS10D (com 6.3m.pixels), na localidade de Encontro das Águas, em Lauro de Freitas, BA. Nessa foto, feita em uma final de manhã as 11h:30min de um dia ensolarado, o autor usou uma lente Canon EF 75-300 I. A imagem foi capturada com luz natural, abertura de diafragma f/6.7 e velocidade de 1/350.

Biologia

Tirada a foto no quintal da própria casa do autor, vemos um flagrante de uma borboleta fêmea no ato da postura dos ovos (oviposição) nos brotos florais (de onde nascerão as flores) do arbusto de malícia ou dormideira, Mimosa pudica L., uma planta da família Fabaceae. Toda espécie borboleta tem uma(s) planta(s) determinada(s) a(s) qual(is) é(são) procurada(s) por suas fêmeas para a oviposição. As que procuram uma única espécie de planta, para a futura alimentação da prole, dizemos que têm lagartas monófagas. Já as que procuram variadas plantas nós chamamos de polífagas. O tipo de postura de uma borboleta também é muito variado podendo, por exemplo: ocorrer em número de um ou em grupos com vários ovos. Há igualmente variações nos locais de postura na planta, sendo, os mais frequentes: flores, botões florais, folhas e talos de folhas. Ainda pode ocorrer uma variação no “pé” de vegetal usado, ocorrendo a postura em uma mesma planta ou distribuída em várias. M. una (Hewitson, 1873), é uma espécie comum e que pode ser confundida com algumas outras espécies da família Lycaenidae. Tem uma ocorrência frequente nas bordas entre as cidades e áreas silvestres (área semiurbana), também habita áreas de matas sejam elas de florestas secundárias ou primárias, sendo muito mais presente nas primeiras. Como as maiorias dos representantes desta família, as borboletas são vistas com maior frequência em flores ou inflorescências nas clareiras em locais ensolarados (heliófilos), nos topos dos morros nos habitat citados. Seu voo é irregular descrevendo várias mudanças de nível.

Lagartas, como grande maioria dos Lycaenidae: têm corpo vermiforme, são lisas, vivem isoladamente e se empupam sobre as folhas. Na bibliografia existente é difícil achar dados sobre plantas alimento de M. una (Hewitson, 1873). Todavia, nós, com a contribuição do autor através desta importante foto, temos aqui interessante registro do arbusto malícia ou dormideira (Mimosa pudica L., planta da família Fabaceae), como possível planta alimento.
A. Soares

2 comentários:

  1. Alexandre,

    Tá boa a descrição.

    Acho que o nome "dormideira" para a "malícia", aqui no nordeste, se deve ao fato de que essas espécies, que não considero arbustivas lato senso, costumam fechar suas folhas ao cair da tarde, ou quando tocadas. Aqui temos uma plantinha, que deve pertencer ao gênero da malícia,que chamamos Maria-Fecha-A-Porta-Que-O-Boi-Evem. O nordestino costuma falar evem em lugar de vem para dar um certo movimento ao verbo, que já é de movimento. Pô! quase escrevo vômito em lugar de movimento, Freud explica...

    Tem um errinho ortográfico em polífagas, grifado como polífogas. A malícia (Mimosa pudica) também é chamada de sensitiva.

    Abraço

    Ruy Penalva

    ResponderExcluir
  2. Ok. Já consertei o erro.
    Como sempre agradeço aí o apoio. Valeu a correção.

    Ah, um esclarecimento...
    Eu considerei a malícia como possível planta alimento, pois apesar de termos aí o flagrante da oviposição, para se ter absoluta certeza de que as lagartas comem a planta, teríamos que ter: coletado as partes do vegetal com os ovos ou, de uma forma menos invasiva, acompanhado a vida das lagartinhas na própria planta (pode ser feito se envolvendo a planta em um filó). Apesar de o Professor Luiz Otero contar que as fêmeas de borboletas nunca erram na escolha das plantas certas onde devem colocar seus ovos, seguro morreu de velho e um acompanhamento visual da alimentação dos bichos seria muito bom para se ratificar a malícia como planta alimento.
    Assim escrevi POSSÍVEL.

    Agora se por um acaso descobrires de novo tal flagrante...
    Que tal tentares criar as lagartas?
    Coisa pouca, só durante os primeiros momentos da vida das larvas a fim de comprovarmos definitivamente que malícia é planta alimento, pelo menos nos estágios iniciais.

    ResponderExcluir