segunda-feira, 19 de março de 2012

Detalhando o visual dos lepidópteros 03: o tórax

Visão lateral do tórax de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
Clique no esquema para vê-lo ampliado!

Legenda 1
TORAX
A- PROTORAX, visão lateral:
1- Prototergito; 2- Protopleurito (*); 3- Protoesternito; 4- Perna anterior (*).
B- MESOTORAX, visão lateral:
1- Mesotergito; 2- Mesopleurito (*); 3- Mesoesternito; 4- Perna mediana (*); 5- Asa anterior (*); 6- Tégula (*).
C- METATORAX, visão lateral:
1- Metatergito; 2- Metapleurito (*); 3- Metaesternito; 4- Perna posterior (*); 5- Asa posterior (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.
Nota. Por ser este esquema, repleto de números referenciais tão próximos, nós optamos por utilizar cores diferentes para melhor distinção das áreas e entre as suas subdivisões.

Prefacio

Em primeiro lugar, alertamos o visitante que interessado pelo tema, notará ao consultar uma obra sobre morfologia entomológica que a nomenclatura utilizada abaixo destoa, por vezes, da comumente existente nos livros técnicos/acadêmicos.
Bem sabemos que as placas do esqueleto externo (exoesqueleto) de um inseto não se apresentam do modo simples como estamos figurando aqui. Muitas vezes, exibem-se com pregas, dobras, suturas morfológicas que mostram um rearranjo espacial (diferente do modelo simplificado e padronizado figurado aqui), e, por isso mesmo, têm uma nomenclatura ampla e diversificada.
Explicamos nossa opção por evitar a reprodução da nomenclatura técnica/acadêmica tal qual é utilizada e conhecida, pois:
- É nossa intenção simplificar ao máximo o conteúdo apresentado aqui, padronizando um exemplo esquemático de tórax sem os precisos detalhes técnicos/acadêmicos geradores de complexa nomenclatura;
- Além disso, a grande riqueza de dados apresentados pelos esquemas técnicos/acadêmicos levaria a necessidade de se confeccionar desenhos muito mais elaborados, coisa desnecessária para se situar e se conhecer as zonas do corpo de um lepidóptero, a fim de, se fazer fotos em close-ups das pequenas estruturas do corpo das borboletas e mariposas.
Por fim, para os que se interessarem pelo tema com maior profundidade, nós indicamos a obra INSETOS DO BRASIL, publicada recentemente pela Editora Holos.

O tórax

O tórax é a porção mediana do corpo e se apresenta subdivididos em três áreas, ou zonas: prototórax, mesotórax e metatórax. Nos lepidópteros esta região é mais esclerosada em relação às outras partes do corpo. Suas áreas apresentam-se revestidas por várias placas esqueléticas bem quitinizadas. As principais e mais relevantes são: as que compõem o dorso, os tergitos; as que compõem a lateral (aos pares em ambos os lados do corpo), os pleuritos e as que compõem o ventre, os esternitos. Daí termos a região dorsal do inseto constituída, de modo simplificado, pelos: prototergito, mesotergito e metatergito. Já as laterais por: protopleuritos, mesopleuritos e metapleuritos. Por fim, a ventral apresentando os: protoesternito, mesoesternito e metaesternito. Ressaltamos, mais uma vez, que é certo a existência de várias outras placas e subplacas, com suas nomenclaturas, mas, nossa intenção aqui é simplificar evitando o excesso de nomes técnicos desnecessário ao conhecimento básico para feitura de close-ups por parte dos amigos lepidopterófilos.
O prototórax é a menor porção do tórax. Nele está situada à primeira estrutura locomotora, as pernas anteriores (ou primeiro par), que são pequenas e por vezes atrofiadas. O mesotórax, maior porção do tórax, possui dois membros locomotores que são: as pernas medianas (ou segundo par) e as asas anteriores (ou primeiro par). Ainda é possível ver, com menor clareza nas mariposas, uma estrutura que recobre parcialmente a região dorsal e que tem a função de proteger a base das asas anteriores chamada de tégulas. A última estrutura de destaque é um par de aberturas respiratórias (estigmas ou espiráculos) na região pleural de cada lado do mesotórax. O metatórax, última parte do tórax, é menor que o segundo, mas é bem maior que o primeiro. Nele, estão localizadas as pernas posteriores (ou terceiro par) e as asas posteriores (ou segundo par). Ainda há outro par de aberturas respiratórias, situado do mesmo modo que o do mesotórax.

Visão lateral das pernas de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 2
PERNAS
A- PERNA anterior, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*); 5-Esporão modificado, epífise (*); 6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
B- PERNA mediana, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*); 5- Esporões, um par (*); 6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
C- PERNA posterior, visão lateral:
1- Coxa (*); 2- Trocanter (*); 3- Fêmur (*); 4- Tíbia (*);5- Esporões, dois pares (*);  6- Tarso, com 5 segmentos (*); 7- Garra (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares ou em dobro, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.

As pernas

As pernas de um lepidóptero são em número de seis, três pares, sendo um par por cada área torácica.  Elas são de um modo geral, de tamanho variável e dividido em 6 partes: coxa, trocanter, fêmur, tíbia (com esporões), tarso e garra. Mais uma vez, simplificando temos: a coxa, uma porção larga e não longa se insere no tórax. É seguida por pequeno trocanter que faz a ligação com um longo fêmur. Este se liga a uma igualmente longa tíbia que possui esporões que vão variar conforme o par de pernas (no primeiro par de pernas: existe um adaptado para a limpeza das antenas, chamado de epífise, no segundo dois e no terceiro quatro). A tíbia se segue o tarso, que se apresenta dividido em 5 segmentos, e é sucedido de uma garra terminal.

Visão asas de uma borboleta, esquema por: L. A. Costa.
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Legenda 3
A- ASAS, sistema de nervuras
a.1- ASA anterior:
1- Nervura costal (*); 2- Nervura subcostal (*); 3- Primeira nervura radial (*); 4-Primeira nervura  mediana (*); 5- Primeira nervura cubital (*); 6- Primeira nervura anal (*); 7- Célula discal (*).
a.2- ASAS posterior:
1- Nervura costal (*); 2 + 3- Nervura subcostal fundida com a primeira nervura radial (*); 4- Primeira nervura mediana (*); 5- Primeira nervura cubital (*); 6- Primeira nervura anal (*); 7- Célula discal (*).
B- ASAS, áreas ou zonas
b.1- ASA anterior:
1- Área basal (*); 2- Margem costal (*); 3- Ápice da asa (*); 4- Margem externa (*); 5- Torno da asa (*); 6- Margem interna (*); 7- Área da célula discal (*).
b.2- ASAS posterior:
1- Área basal (*); 2- Margem costal (*); 3- Ápice da asa (*); 4- Margem externa (*); 5- Torno da asa (*); 6- Margem interna (*); 7- Área da célula discal (*).
(*) Sendo o corpo dos lepidópteros composto de duas faces equivalentes (simetria bilateral), todas as estruturas assinaladas existem aos pares, estando suas correspondentes no lado oposto do corpo.

As asas

As asas são do tipo membranosa e em número de quatro (dois pares). O primeiro par está situado no mesotórax e tem geralmente maior área. Já o segundo situa-se no metatórax. Elas têm sua superfície coberta por escamas que são oriundas das células que revestem o tecido das asas. As escamas conferem as cores aos lepidópteros. Tal coloração pode ser de dois tipos: física, quando as cores das escamas são transparentes e o colorido que se vê é resultado da difração da luz sob a superfície das escamas. Um bom exemplo deste caso são as cores azuis das borboletas do gênero Morpho. O outro tipo é o de cores químicas. Neste caso, mais freqüente, existe uma coloração nas escamas.
Graças a uma constituição “esquelética”, as asas têm seu vôo garantido. Possuem assim veias, ou nervuras, que são estruturas tubulares que se estendem por sua área conferindo a resistência necessária para o vôo. Essas nervuras que, por vezes, podem se apresentar fundidas umas com as outras (ocorre em especial nas asas posteriores) são denominadas com códigos que variam de acordo com os pesquisadores (acima no esquema indicamos algumas nervuras básicas). Elas também são verdadeiros canais por onde o “sangue” (hemolinfa) dos lepidópteros flui. O vôo dos lepidópteros se processa quando, as asas que funcionam como aquecedores captando a energia do sol, aquecem a hemolinfa, que flui pelas veias levando o calor para os músculos torácicos. Esse fluxo de “sangue” age como estimulador muscular permitindo então o vôo.  Ainda é possível zonear as asas de um lepidóptero de acordo com áreas. Este zoneamento pode variar conforme os autores, mas simplificando-o, temos: a área basal, margem costal, o ápice da asa, a margem externa, o torno da asa, margem interna e, ao centro da asa, área da célula discal. Por fim, as asas ainda dispõem de encaixes que são responsáveis pelo sincronismo do vôo entre os pares de asas anteriores e posteriores. Esses encaixes têm diversas formas podendo variar de estojos (nas asas anteriores) e ganchos (nas asas posteriores) nas mariposas até baixos relevos (nas asas anteriores) e altos relevos (nas asas posteriores) nas borboletas.
A. Soares

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