segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dicas para se fotografar 01

Pyrgus orcus, A.Soares, Rev. Eco. do Guapiaçu (REGUA), Cach. de Macacu, RJ.
Clique na foto para vê-la ampliada!

Hábitos diários das borboletas

Antes mesmo de se preparar tecnicamente estudando sua máquina e seu potencial para capturar imagens de borboletas, devemos nos preparar conhecendo um pouco sobre seus hábitos, pois isso indicará possíveis boas chances de aproximação para tomar imagens desses insetos que serão os protagonistas de nossas fotos.

A primeira coisa que precisamos saber é que as borboletas sempre apresentam atividade diurna. Quando muito, algumas no máximo voam nas bordas do período luminoso, ou seja, no crepúsculo ou alvorada. Assim sendo, nosso hobby, quando tem como objetivo fotografar borboletas, é coisa para se desenvolver durante o dia.

Outra coisa muito básica é que a maioria das borboletas prefere dias de tempo firme sendo chuva uma condição climática quase anuladora da possibilidade de se tirar fotos delas. Mas, falamos quase por que há chuvas e chuvas. Pequenas e rápidas chuvas, principalmente as passageiras de verão, não são inibidoras dos vôos das borboletas. Já em caso de fortes precipitações é certo que nossas amigas escamosas (referência ao pozinho das asas das borboletas que de modo algum pode ser encarado como aquele agente malévolo provocador de cegueira como dito pelos populares), não voarão!

Além disso, há também uma consideração sobre a influência das diferentes épocas do ano no vôo das borboletas. A variação do clima ao longo do ano, de um modo geral, não é empecilho para que se fotografar, as borboletas. Todavia, de uma maneira mais específica poderá perceber, o amigo lepidopterófilo, que de acordo com os meses do ano temos uma variação na quantidade e na diversidade das borboletas. Daí podermos notar, por exemplo, a queda do número desses lepidópteros no inverno e, ao contrário, sua abundância no verão. Mais especificamente também será perceptível, ao bom observador, sentir a ausência de alguns grupos ou indivíduos em determinadas épocas do ano, pois há espécies típicas para cada período. Porém, não nos esqueçamos de uma coisa! Borboleta não vista pode significar lagartas, crisálidas ou ovos a se fotografar! Sim porque quando não temos estes seres no seu estágio adulto, voando na natureza, é porque, com certeza eles encontram-se nos outros estágios de sua vida.

Dito isso, passemos então a considerações sobre a rotina diária das borboletas que quando bem explorada pode nos brindar com a oportunidade única de aproximação para se fazer belas fotos.

Quando e onde fotografar...

As borboletas são animais de ‘sangue’ frio. Os raios solares são a principal fonte de energia geradora do aquecimento e contribuem para a plena função vital das borboletas. Assim, pela manhã aos primeiros raios de sol, elas muitas vezes se postam sobre a vegetação (encima de folhas, flores, galhos etc...) abrindo suas asas que funcionaram com captadores da energia luminosa e conversores dessa energia luminosa em irradiante. O calor é assim gerado sobre as superfícies de ambos os pares de asas, dianteiro e posterior. Este calor atinge o ‘sangue’ (hemolinfa) que está no interior das veias (“nervuras”) das asas, de onde se distribui para os músculos torácicos e contribuindo para a borboleta alçar vôo.

Bem baseado nesta necessidade das borboletas, podemos percorrer, em nossa incursão de campo, trilhas na orla da mata checando sobre vegetação exposta ao sol. Assim procedendo, no início do dia possivelmente flagraremos borboletas ainda se aquecendo ao sol e, portanto, pouco ariscas e menos aptas ao vôo. Daí ser, o início do dia, em um horário que no verão deve no máximo se estender até 08:30h, e no inverno, podendo ser alongado até uma hora ou mais, dependendo da altitude. Este é o melhor momento para se fotografar as borboletas, ainda temporariamente impotentes para o vôo.

Mas, não só em função do horário do dia aparecem as oportunidades para uma boa foto. Conhecimento sobre outros hábitos também se mostram úteis.

Apesar dos horários posteriores ao “aquecimento” das borboletas serem mais difíceis para fotografar, pois a aproximação é quase sempre evitada pelas mesmas; mesmo assim, podemos fazê-lo de uma maneira muito eficiente explorando outro hábito dos lepidópteros: o alimentar.

Conforme tipo alimento...

Em muitas ocasiões borboletas estabelecem um verdadeiro frenesi alimentar em função da obtenção de açúcares. Assim, seja em flores bebendo o néctar ou caldo dos frutos bem maduros caídos no chão da floresta, vemos indivíduos em estado parcial ou completamente letárgicos, o que os deixa tão lentos ou distraídos quanto sua situação no início do dia. Mais uma vez é uma boa hora para a aproximação e tomada de fotos.

Por fim uma terceira e última chance diz respeito aos indivíduos do sexo masculino. Machos de muitas espécies de borboletas, em especial das famílias dos Pierídeos e dos Papilionídeos necessitam, para alcançarem sua maturação sexual, de se alimentarem com líquidos que tenham em sua composição determinados elementos químicos encontrados em diferentes tipos de solos, como sais minerais. Assim, por exemplo, poças d’água formadas em solo onde exista certa quantidade de uréia, proveniente de excreções animais, podem ser tornar local ótimo para reunião de bandos de borboletas das referidas famílias. Aqui o frenesi é igual ou superior ao relatado acima e os insetos encontram-se abobados permitindo facilmente a aproximação do fotógrafo.

Existem ainda outras chances de aproximação, mas, são coisas mais específicas e terão que ser abordas em texto próprio e em futuras edições.
A. Soares

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Razão deste blog

Pyrisitia nise tenella, A. Soares, Rev. Eco. do Guapiaçu (REGUA), Cach. de Macacu, RJ.
Clique na foto para vê-la ampliada!

Caros amigos,

LepidopteróFilo surge com a finalidade de estabelecer e promover o hábito de fotografar as borboletas e mariposas.

Importantes sob diversos aspectos dentro do contexto da natureza/ecologia, os lepidóperos (borboletas e mariposas) têm no seu conjunto de ecorelevâncias uma notável e fascinante para nós neste blog: a polinização.

A polinização, atividade realizada pelos ditos agentes polinizadores (animais, água, vento, etc...) que se faz mediante o transporte do pólen da parte masculina da planta (androceu) para a feminina (gineceu), é serviço essencial à manutenção de nossas florestas.

Por quê?

O pólen que “guarda” os gametas masculinos do vegetal precisa chegar ao ovário da planta para fecundar os gametas femininos gerando assim, no ovário do vegetal, o futuro fruto. Portanto, este fruto sem o trabalho de polinização não existiria. E sem fruto a planta terá o seu processo de reprodução prejudicado!

Logo é possível também concluir que sem polinização não há processo de reprodução sexuada nas plantas previamente conhecidas como Fanerogâmicas, que compõem a grande maioria da diversidade das atuais florestas.

Mas, voltando aos lepidópteros...

A Ordem Lepidoptera (Lepido= escamas + ptera= asas: asas com escamas) integra os insetos que chamamos de mariposas e borboletas. As primeiras são as mais numerosas dentro do universo de aproximadamente 180 mil espécies conhecidas. Já as segundas, representam apenas cerca de 12% deste total. Estes delicados seres vivos, ora belos (normalmente as borboletas) e ora lúgubres (em certos casos de mariposas) têm diversos tipos de hábitos alimentares. O importante é destacar que há dois principais modos ou fontes de alimentação: o néctar e o sumo de frutas fermentadas. Ou seja, existem lepidópteros nectívoros ou frugívoros.

O trabalho de polinização descrito acima é consequência direta do recurso à primeira fonte de alimento citada. A necessidade de angariar energia leva os lepidópteros a se alimentarem do néctar das plantas rico em açúcares. Neste frenesi por açúcar, fonte de energia para seu dia a dia, os lepidópteros visitam insistentemente as flores executando o nobre trabalho da polinização das plantas.

Assim temos estabelecido o vínculo vital para a continuidade das atuais florestas.

Chegando aos finalmentes...

Desfrutando deste evento importante, é que nos inserimos nosso propósito de registrar a beleza contida nesta ecoparceria: lepidópteros e flores. Daí aproveitando-se da beleza sempre presente neste conjunto, flores e lepidópteros (e lembrando ainda que não só as borboletas são parceiras das flores, mas também muitas mariposas igualmente o são), estamos propondo a idéia da captura através das lentes de uma máquina fotográfica deste momento tão importante para natureza e belíssimo aos nossos olhos!

Por fim, caber ainda dizer, que além da captura de imagens de borboletas ou mariposas, são válidos também outros esforços para se fotografar os lepidópteros em todo o contexto da natureza. Logo, locais de pouso ou sobrevôo como galhos, troncos, frutos, folhas, solo, etc..., proporcionam igualmente belas fotos para compor um fantástico álbum sobre estas criaturas, que são as verdadeiras “FLORES QUE VOAM”.
A. Soares